Meu Testemunho


Me converti ao Senhor Jesus aos 19 anos de idade, fui batizado nas águas e no Espírito Santo e servi fervorosamente ao Senhor por aproximadamente dez anos, orando, jejuando, evangelizando, louvando, adorando e com o fervor do primeiro amor de um verdadeiro crente em Jesus. Durante este período Deus, juntamente com todas as bênçãos, havia me dado uma esposa e duas filhas maravilhosas, uma família abençoada. Eu ignorava, todavia, os ardis do inimigo (“Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, o Diabo, anda em derredor, rugindo como leão, e procurando a quem possa tragar;” (I Pedro 05:8). Comecei a me afastar da comunhão com Deus no momento em que comecei a focar nos homens em vez de continuar a olhar para Jesus. Achei que poderia servir a Deus de forma independente e que não necessitava ir à nenhuma igreja evangélica ou estar em comunhão com os irmãos para desfrutar da presença d’Ele.
De certa forma, por algum tempo isto ocorreu, porém, como uma pequena brasa que se afastou da fogueira e foi apagando-se e esfriando-se ou uma ovelha que isolou-se do rebanho e ficou desprotegida, assim estava eu. Sem que eu percebesse fui me distanciando e quando dei por mim já estava longe dos caminhos de Deus, e já não havia quase nenhuma diferença entre mim e um incrédulo, caminhando por conta própria, semelhante ao filho pródigo que pediu antecipadamente a sua parte da herança e partiu da casa do pai para viver longe daquele que era a verdadeira riqueza, seu Pai. Por diversas vezes senti no coração o toque do Espírito Santo mas não atendi ao chamado do Senhor. Voltei a participar de uma igreja por aproximadamente um ano, mas, por causa de um escândalo que caiu sobre um dos lideres daquela igreja, muitos dos membros se afastaram, alguns foram para outras igrejas e permaneceram no caminho de Deus, outros permaneceram lá focados no verdadeiro Líder que é Jesus, eu, porém, mais uma vez, perdi o foco espiritual e me afastei dos caminhos de Deus e ignorei o mundo espiritual à minha volta, mundo que eu sabia que existia e que, independente da vontade do homem, rege e/ou influencia sua vida, especialmente a vida daqueles que não têm Jesus como seu Senhor.
Eu havia esquecido de Deus mas Ele, pelo seu infinito amor e misericórdia, ainda estava a me esperar, pois ele não desiste de nenhum de seus filhos. Eu havia completado 47 anos em 14 agosto de 2011 e no inicio de janeiro de 2012, mais precisamente na madrugada do dia 12 para o dia 13 de janeiro, uma das minhas filhas, sonhou que ela e seu namorado estavam em um ponto de ônibus quando foram assaltados e, no sonho, seu namorado havia recebido um tiro no abdome e foi ferido gravemente, mas uma voz dizia a ela que ele não iria morrer. Acho que tratava-se de um aviso que não foi interpretado corretamente por nós. Alguns dias depois, mais especificamente no dia 14 de janeiro de 2012, sábado pela manhã, sai de casa contra a vontade de minha esposa e de minhas filhas e fui surpreendido por assaltantes que chegaram atirando. Um dos tiros atingiu meu abdome e naquele momento eu caí sentindo que uma hemorragia muito forte começava a jorrar pelas minhas vestes e que minhas forças estavam se esgotando muito rapidamente. Era uma sensação de morte iminente; por alguns segundos desejei a oportunidade de somente mais uma vez ver a minha família, até que fiquei inconsciente. Fui socorrido por populares até a emergência do hospital mais próxima do local, e apesar da pouca distância cheguei ao hospital quase sem vida. Quase já não havia mais sangue para ser bombeado pelo coração e a minha pressão arterial também chegou a zero. A equipe médica do hospital correu de imediato a fim de atender o meu caso, gravíssimo, e a batalha para me manter vivo e evitar uma parada cardíaca era intensa. No primeiro momento era necessário conter a hemorragia e em seguida evitar uma infecção, pois a bala atingiu o meu intestino e além da hemorragia o risco de infecção generalizada era muito grande. Durante toda a internação foram mais de doze idas ao centro cirúrgico para lavagens da cavidade abdominal e outros procedimentos cirúrgicos para conter a infecção, que havia generalizado chegando perto de provocar uma falência múltipla dos órgãos ou até uma parada cardíaca, coisa comum nesses casos. Enquanto isso na recepção do hospital já se encontrava toda a minha família ansiosa por uma noticia, mas apesar da dedicação os médicos não sabiam informar se seria possível sobreviver. Minha esposa foi informada pelos médicos que eu não seria colocado na UTI do hospital nas próximas quarenta e oito horas para não ocupar um leito desnecessariamente e que somente após este período, se o meu corpo reagisse, haveria pelo menos cinquenta por cento de chance de sobrevivência. O desespero tomou conta da minha esposa e minhas filhas que começaram a clamar ao senhor por um milagre, pois somente um milagre poderia me salvar já que os médicos haviam feito tudo que podia e ainda assim não podiam dizer se eu iria sobreviver. Quando minha mulher foi levada pelo medico para me ver na maca entrou em desespero, a visão era horrível, pois o meu corpo estava isolado em uma sala muito fria, completamente inchado, com uma cor cadavérica, com o abdome aberto e em coma induzido. Algo que também preocupava a família era o fato de que aquele hospital não era credenciado ao meu plano de saúde e até aquele momento as minhas despesas medicas já passavam de cem mil reais, não havia como pagar aquela conta, não era costume o plano autorizar um hospital caro e não credenciado. Travar-se-ia então uma outra batalha, conseguir que o plano emitisse uma autorização especial para a continuidade do atendimento naquele hospital, uma vez que se eu fosse transferido naquelas condições para um hospital conveniado poderia não sobreviver.
Foram quarenta e oito horas de desespero e ao mesmo tempo de muita fé e esperança. Naquele momento, algumas igrejas de amigos nossos, começaram a orar unanimemente para que Deus agisse e fizesse um milagre na minha vida até que aquele período se passou e eu, milagrosamente, comecei a reagir (passou das 48 h sem regressão do quadro), mas ainda em coma. No décimo segundo dia o coma induzido começou a ser retirado pelos médicos e eu comecei a acordar, sem ouvir ou ver nada além da escuridão e uma luz acompanhada de um som como que de uma buzina, ambos bem distantes, enquanto meu corpo rodava como se estivesse solto no espaço vazio. Eu não tinha noção de estar vivo ou morto, só a expectativa de que algo iria acontecer e comecei a ver que a luz que aos poucos se aproximava era a luz da sala da UTI e a buzina que eu ouvia era de um equipamento médico no canto da sala. Ouvia também a voz do médico conversando com minha mulher e minha filha mais velha, explicando sobre a necessidade de todos aqueles tubos e fios nos quais eu estava conectado. Estava eu entubado, traqueostomizado (respirando por um tubo introduzido em minha traqueia), ostomizado (defecando por um dreno artificial), com uma ferida abdominal de proporções avantajadas, aproximadamente vinte e cinco quilos mais magro e, graças ao misericordioso Jeová, VIVO, aleluia! Agradeci a Deus no meu espírito por estar vendo novamente os rostos que eu, no momento do tiro, desejei ver pela última vez, agora estavam ali diante de mim: minha esposa e minha filha mais velha, faltava ver a caçula que não pudera ainda entrar na UTI por ser menor de idade. Naquele momento eu senti o quanto elas eram importantes para mim e quanto eu era importante para elas.
Nos dias que se seguiram comecei a rever outros parentes e amigos e cada visita que chegava era para mim um sinal de que eu estava no mundo dos vivos e não dos mortos e que Deus me amava e que não havia esquecido de mim. Agora eu estava ciente de que não morreria e que aquele Deus que começou o milagre me salvando da morte, iria completar o milagre independente do que eu viesse a passar naquele hospital e foi o que aconteceu. Foram aproximadamente quatro meses internado desde a UTI, semi-intensivo e o apartamento até receber alta em 16 de maio daquele ano. Na UTI e no semi-intensivo, o meu estado era de choque, dividia momentos de lucidez e alucinações, cheguei perto da loucura, confundia a realidade com as muitas alucinações e pesadelos que me dominavam por alguns momentos, a ponto de ter as minhas mãos amarradas à maca, pois já havia arrancado os fios e tubos que estavam presos ao meu corpo, o tubo introduzido em minha traqueia não permitia que eu me comunicasse com minha família e outros visitantes. Eu vivia ansioso para que a minha esposa e/ou minhas filhas entrassem pela porta da UTI, pois era como se uma luz adentrasse aquele ambiente quando elas vinham me ver, e minha mulher tentando me consolar falava no meu ouvido: “...o importante é que você está vivo!”, mas com pouco tempo de visita o sono provocado pelos sedativos me dominava e eu quase não podia aproveitar aqueles poucos momentos de alegria. O meu corpo havia perdido muita massa muscular e fiquei sem força a ponto de não poder me mover na maca e sofria com o medo de ser sufocado pelo próprio vômito. Uma reação alérgica ao bactrin havia tomado todo o meu corpo e comecei a despelar. A consciência de que um milagre havia acontecido na minha vida me mantinha firme e resistente e certo de que aqueles momentos de sofrimento iriam desaparecer e aos poucos foram sendo retirados os tubos e eu já podia falar. Neste momento todos estavam orando e jejuando porque o meu quadro infeccioso ainda era muito preocupante, pois o leucograma já indicava um numero muito acima do normal, 38 mil células/ml, enquanto que o normal varia entre 4 e 11 mil. Milagrosamente e para espanto dos médicos neste dia este numero caiu rapidamente para 11 mil/ml, valores considerados normais. Após dois meses eu estava sendo transferido para o apartamento e o meu estado de choque, além dos surtos de loucura e alucinações já estavam quase desaparecendo. Quase não tinha lembranças das coisas que passei na UTI. Comecei a observar pela janela daquele apartamento e ver pela primeira vez as nuvens, o céu azul, as árvores, os pássaros e comecei a agradecer a Deus por tudo aquilo, por me permitir ver novamente as obras da sua criação, a ver o valor das coisas mais simples, que antes eu sequer parava para apreciar e agradecer. Deus me fez ver o quanto cada coisa é importante. Coisas que o corre-corre do dia-a-dia e a pressa para ganhar dinheiro e outras tarefas do cotidiano não nos permitem ver que são importantes e que um dia teremos que nos despedir delas. Comecei a agradecer pela minha família, minha esposa e filhas, por cada pessoa que ia me visitar e principalmente as que se ofereceram para me acompanhar no hospital revezando com minha esposa e filha a fim de aliviar o sofrimento delas, comecei a pedir que Deus as abençoasse por aquele gesto de solidariedade. Deus me mostrou como eu era amado por minha família e começou a me ensinar muita coisa com aquela situação toda. Cada sessão de fisioterapia para que eu recuperasse os movimentos ia me fortalecendo gradativamente e quando fiquei de pé pela primeira vez só consegui permanecer por uns dez segundos e mesmo assim apoiado no fisioterapeuta e no meu acompanhante. Fazer as refeições era uma tarefa difícil pois os meus braços estavam fracos e tremiam muito, eu precisava da ajuda de outras pessoas até para comer. Cada dia era uma batalha a ser vencida e Deus me mostrava que eu estava vencendo porque Ele estava me proporcionando aquela vitória. Tive notícia que o plano de saúde havia dado uma autorização especial para que todo o meu tratamento fosse feito naquele hospital e que não precisaríamos ficar devendo ao hospital. Pouco a pouco fui me restabelecendo fisicamente até que no dia 16 de maio de 2012 recebi alta medica para continuar o tratamento em casa através de home care (acompanhamento médico em casa). Após quatro meses estava retornando para o meu lar, para o convívio com a minha família, que me recebeu com festa, havia bolas e cartazes de boas vindas nas paredes da casa, cheguei carregado em uma cadeira de rodas, porque ainda não podia andar. No dia seguinte, coloquei a cadeira na área que dá para a rua, sentei-me para contemplar plenamente o que só podia ver pela metade da janela do apartamento do hospital, olhei a paisagem, as pessoas e os carros passando lá embaixo e agradeci novamente a Deus por estar de volta à terra dos viventes. "Creio que hei de ver a bondade do Senhor na terra dos viventes." (Salmos 27:13). Continuei ostomizado e com o abdome aberto até que, finalmente, em 18 de dezembro de 2012 retornei ao hospital para fazer a cirurgia de reconstrução intestinal e o total fechamento do abdome. A cirurgia foi surpreendente, pois era uma cirurgia arriscada, mas o resultado foi, como disse o médico, mais do que o esperado.
Por esse motivo estou publicando este testemunho, em gratidão ao Senhor e para que os que o leram creiam que há um Deus vivo, que salva, cura, liberta e que voltará para buscar os que perseverarem até o fim. "Mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo." (Mateus 24:13).

7 comentários:

Priscila disse...

Todos nós agradecemos grandemente ao Senhor pelas maravilhas que ele tem nos proporcionado.. e experimentar esse milagre foi a melhor coisa que poderia nos acontecer.

Priscila disse...

Nós somos um o milagre do outro! Amo vocês de mais..

Anônimo disse...

Deus é bom e sua fidelidade dura para sempre..É um amor incondicional, independente, imenso!

Raimundo disse...

Amém! Compartilhem este blog e postem sempre comentários e sugestões para que possamos abençoar outras pessoas através da internet!

Laércia disse...

Sou muito grata a Deus por conhecer este homem e esta família abençoada! Sei que Deus exorta somente a quem Ele ama e escolheu! Você é um escolhido e por isto Deus usou a você para mostrar ao mundo que Ele é poderoso e que somente Ele Jesus Cristo pode todas as coisas! Continuamos nesta fé meu amado irmão até o grande dia que se passará para sempre toda dor e todas as enfermidades! Jesus continue abençoando você e sua família! Deus jamais vai deixar os seus escolhidos perecerem!!!Abraços de sua irmã em Cristo. Laércia e família.

Zeneide Araujo disse...

Somos eternamente gratos a DEUS, por este grande Milagre. O Senhor é aquele que guerreia nossas batalhas e nos dá a Vitória.
TE AMAMOS, TE LOUVAMOS, TE
ADORAMOS E PARA SEMPRE EXALTAREMOS O SEU NOME EL SHADAY.

Juçara disse...

Isso tudo é a prova que Deus faz mais do que pensamos, e imaginamos, e que nossos pensamentos não sao so D'ele, ele tem projetos e planos num plano mais alto,e como Jesus disse : Todos aqueles que o Pai me deu, nenhum deles vão se perder, Ele nos salva todos os dias, cada manhã que levantamos com vida, é a maior prova da misericódia de DEUS, sobre nossas vidas, essa História, está escrita no livro de DEUS, por que ele sempre teve um plano maior pra vc "Raimundo" Um grande abraço, que possamos viver todos os dias debaixo desse milagre,que é a vida....